A Primeira Tradução

Estima-se que a primeira tradução foi elaborada entre 200 a 300 anos antes de Cristo. Como os judeus que viviam no Egito não compreendiam a língua hebraica, o Antigo Testamento foi traduzido para o grego. Porém, não eram apenas os judeus que viviam no estrangeiro que tinham dificuldade de ler o original em hebraico: com o cativeiro da Babilônia, os judeus da Palestina também já não falavam mais o hebraico.

Septuaginta (ou Tradução dos Setenta)

Realizada por 70 sábios, ela contém sete livros que não fazem parte da coleção hebraica, pois não estavam incluídos quando o cânon (ou lista oficial) do Antigo Testamento foi estabelecido por exegetas israelitas no final do Século I d.C. A igreja primitiva geralmente incluía tais livros em sua Bíblia. Eles são chamados apócrifos ou deuterocanônicos e encontram-se presentes nas Bíblias de algumas igrejas. Esta tradução do Antigo Testamento foi utilizada em sinagogas de todas as regiões do Mediterrâneo e representou um instrumento fundamental nos esforços empreendidos pelos primeiros discípulos de Jesus na propagação dos ensinamentos de Deus.


Outras Traduções

Outras traduções começaram a ser desenvolvidas por cristãos novos nas línguas copta (Egito), etíope (Etiópia), siríaca (norte da Palestina) e em latim - a mais importante de todas as línguas pela sua ampla utilização no Ocidente. Por haver tantas versões parciais e insatisfatórias em latim, no ano 382 d.C, o bispo de Roma nomeou o grande exegeta Jerônimo para fazer uma tradução oficial das Escrituras.

Vulgata
Bíblia Vulgata

Com o objetivo de realizar uma tradução de qualidade e fiel aos originais, Jerônimo foi à Palestina, onde viveu durante 20 anos. Estudou hebraico com rabinos famosos, e examinou todos os manuscritos que conseguiu localizar. Sua tradução tornou-se conhecida como "Vulgata", ou seja, escrita na língua de pessoas comuns ("vulgus"). Embora não tenha sido imediatamente aceita, tornou-se o texto oficial do cristianismo ocidental. Neste formato, a Bíblia difundiu-se por todas as regiões do Mediterrâneo, alcançando até o Norte da Europa.

Na Europa, os cristãos entraram em conflito com os invasores godos e hunos, que destruíram uma grande parte da civilização romana. Em mosteiros, nos quais alguns homens se refugiaram da turbulência causada por guerras constantes, o texto bíblico foi preservado por muitos séculos, especialmente a Bíblia em latim na versão de Jerônimo.

Não se sabe quando e como a Bíblia chegou até as Ilhas Britânicas. Missionários levaram o evangelho para Irlanda, Escócia e Inglaterra, e não há dúvida de que havia cristãos nos exércitos romanos que lá estiveram no segundo e terceiro séculos. Provavelmente a tradução mais antiga na língua do povo desta região é a do Venerável Bede. Relata-se que, no momento de sua morte, em 735, ele estava ditando uma tradução do Evangelho de João. Entretanto, nenhuma de suas traduções chegou até nós. Aos poucos, as traduções de passagens e de livros inteiros foram surgindo.


Primeiras Escrituras Impressas

A Bíblia de Gutenberg
A Bíblia de Gutenberg

Na Alemanha, em meados do século 15, um ourives chamado Johannes Gutenberg desenvolveu a arte de fundir tipos metálicos móveis. O primeiro livro de grande porte produzido por sua prensa foi a Bíblia em latim. Cópias impressas decoradas à mão passaram a competir com os mais belos manuscritos. Esta nova arte foi utilizada para imprimir Bíblias em seis línguas antes de 1500 - alemão, italiano, francês, tcheco, holandês e catalão. E em outras seis línguas até meados do século 16 - espanhol, dinamarquês, inglês, sueco, húngaro, islandês, polonês e finlandês.

Finalmente as Escrituras realmente podiam ser lidas na língua destes povos. Mas essas traduções ainda estavam vinculadas ao texto em latim. No início do século 16, manuscritos de textos em grego e hebraico, preservados nas igrejas orientais, começaram a chegar à Europa ocidental. Havia pessoas eruditas que podiam auxiliar os sacerdotes ocidentais a ler e apreciar tais manuscritos.

Uma pessoa de grande destaque durante este novo período de estudo e aprendizado foi Erasmo de Roterdã. Ele passou alguns anos atuando como professor na Universidade de Cambridge, Inglaterra. Em 1516, sua edição do Novo Testamento em grego foi publicada com seu próprio paralelo da tradução em latim. Assim, pela primeira vez, estudiosos da Europa ocidental puderam ter acesso ao Novo Testamento na língua original, embora, infelizmente, os manuscritos fornecidos a Erasmo fossem de origem relativamente recente e, portanto, não eram completamente confiáveis.


Descobertas Arqueológicas

Manuscritos do Mar Morto
Manuscritos do Mar Morto

Várias foram as descobertas arqueológicas que proporcionaram o melhor entendimento das Escrituras Sagradas. Os manuscritos mais antigos que existem de trechos do Antigo Testamento datam de 850 d.C. Existem partes menores bem mais antigas como o Papiro Nash do segundo século da era cristã. Mas sem dúvida a maior descoberta ocorreu em 1947, quando um pastor beduíno, que buscava uma cabra perdida de seu rebanho, encontrou por acaso os Manuscritos do Mar Morto, na região de Jericó.

Cavernas de Qumran
Cavernas de Qumran

Durante nove anos, vários documentos foram encontrados nas cavernas de Qumran, no Mar Morto, constituindo-se nos mais antigos fragmentos da Bíblia hebraica que se têm notícias. Escondidos ali pela tribo judaica dos essênios no século I, nos 800 pergaminhos, escritos entre 250 a.C. a 100 d.C., aparecem comentários teológicos e descrições da vida religiosa deste povo, revelando aspectos até então considerados exclusivos do Cristianismo.

Estes documentos tiveram grande impacto na visão da Bíblia, pois fornecem espantosa confirmação da fidelidade dos textos massoréticos aos originais. O estudo da cerâmica dos jarros e a datação por carbono 14 estabelecem que os documentos foram produzidos entre 168 a.C. e 233 d.C.

Destaca-se, entre estes documentos, uma cópia quase completa do livro de Isaías, feita cerca de 100 a.C. Especialistas compararam o texto dessa cópia com o texto-padrão do Antigo Testamento hebraico (o manuscrito chamado Codex Leningradense, de 1008 d.C.) e descobriram que as diferenças entre ambos eram mínimas.

Outros manuscritos também foram encontrados neste mesmo local, como fragmentos de um texto do profeta Samuel, textos de profetas menores, parte do livro de Levítico e um targum (paráfrase) de Jó.

As descobertas arqueológicas, como a dos manuscritos do Mar Morto e outras mais recentes, continuam a fornecer novos dados aos tradutores da Bíblia. Elas têm ajudado a resolver várias questões a respeito de palavras e termos hebraicos e gregos, cujo sentido não era absolutamente claro. Antes disso, os tradutores se baseavam em manuscritos mais "novos", ou seja, em cópias produzidas em datas mais distantes da origem dos textos bíblicos.


Divisão por capítulos

Stephen Langton
Stephen Langton

A Bíblia Sagrada foi dividida em capítulos no século XIII (entre 1234 e 1242), pelo teólogo Stephen Langton, então Bispo de Canterbury, na Inglaterra, e professor da Universidade de Paris, na França.

A primeira Bíblia dividida desse modo (uma versão latina) foi realizada em paris e ficou conhecida como a Bíblia parisiense. Em 1525, Jacob ben Jayim publicou uma bíblia rabínica em Veneza, que continha os capítulos de Langton. A divisão feita por Langton permanece até os nossos dias.


Divisão por versículos

A divisão do Antigo Testamento em versículos foi estabelecida por estudiosos judeus das Escrituras Sagradas, chamados de massoretas. Com hábitos monásticos e ascéticos, os massoretas dedicavam suas vidas à recitação e cópia das Escrituras, bem como à formulação da gramática hebraica e técnicas didáticas de ensino do texto bíblico. Foram eles que, entre os séculos IX e X, primeiro dividiram o texto hebraico (do Antigo Testamento) em versículos.

Robert Estienne
Robert Estienne

Influenciado pelo trabalho dos massoretas no Antigo Testamento, um impressor francês chamado Robert Estienne, também conhecido pelo nome latinizado Roberto Estéfano ou Stephanus, dividiu o Novo Testamento em versículos no ano de 1551. Estienne morava então em Gênova, na Itália.

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CURIOSIDADES

  • O livro mais antigo da bíblia não é o Gênesis, mas Jó. Acredita-se que foi escrito por Moises, quando esteve no deserto
  • O primeiro Salmo encontra-se em II Samuel 1:19-27,uma elegia de Davi em memória de Saul e seu filho Jônatas
  • A Bíblia contém cerca de 773.693 palavras com 3.566.480 letras
  • A Bíblia contém 1.189 capítulos e 31.102 versículos
  • O Salmo 14 e o 53 são iguais
  • O capítulo mais longo é o Salmo 119, com 176 versículos
  • O capítulo mais curto é o salmo 117, com 2 versículos apenas
  • O versículo que se encontra no meio da Bíblia é o Salmo 118:8
  • O pai nosso, ou a oração do Senhor, contém 68 palavras e destas apenas cinco são uma petição
  • Ester 8:9 é o maior versículo da Bíblia
  • O versículo mais curto na versão Almeida Corrigida Fiel acha-se em Êxodo 20:13
  • O versículo mais curto do Novo Testamento achava-se em João 11:35
  • A lei de Deus encontra-se em Êxodo 20 e Deuteronômio 5
  • O Capitulo 37 de Isaias e o 19 de II Reis são muito semelhantes
  • Em Esdras 21:7 encontra-se quase todo o alfabeto
  • Obadias é o único livro do Antigo Testamento que contém apenas um capítulo
  • No livro de Ester não se encontra a palavra Deus
  • O único capítulo que termina com dois pontos é Atos 21
  • O Antigo Testamento termina com uma maldição, ao passo que o Novo termina com uma benção
  • O último livro da Bíblia a ser escrito foi III S. João
  • A última promessa encontra-se em Apocalipse 22:12
  • Há 3.573 promessas na Bíblia
  • O livro de Isaias assemelha-se a uma pequena Bíblia: contém 66 capítulos; os primeiros 39 falam da história passada, e os 27 restantes apresentam promessa do futuro
  • Dos quatro evangelistas só dois andaram com Jesus; Marcos e Lucas não foram Seus discípulos
  • João Batista era primo de Jesus e seis meses mais velho do que Ele
  • Todos os versos do Salmo 136 terminaram com o mesmo estribilho: "Porque a Sua misericórdia dura para sempre."
  • O profeta que veio depois de Malaquias foi João Batista
  • Judas foi o único dos doze apóstolos que não era galileu
  • O Novo testamento contém 27 livros, escritos por oito homens: Mateus, Marcos, Lucas, João, Paulo, Pedro, Tiago e Judas
  • João era o discípulo mais jovem dos doze
  • O Salmo 108 é um mosaico de outros dois: Salmo 57:8-12 e Salmo 60:7-14
  • O Salmo 18 aparece a primeira vez em II Samuel 22
  • Os versículos 8, 15, 21 e 31 do Salmo 107 são iguais
  • O Capitulo 29 de Jó acha-se na metade do Antigo Testamento, e Romanos 8 está no meio do Novo Testamento
  • Há 2.300 palavras que são mencionadas apenas uma vez na Bíblia
  • O número 7 é um dos mais mencionados e representa perfeição
  • O livro poético é o de Salmos, na maioria com música; o livro de máximas é o de Provérbios
  • O segundo capítulo de Esdras e o sétimo de Neemias são semelhantes
  • Os ultimo dois versículos do segundo livro de Crônicas e os dois primeiros do livro seguinte, Esdras, são quase iguais
  • No livro de Cantares de Salomão também não aparece o nome de Deus
  • As cinco promessas mais inspiradas da Bíblia, encontra-se em João 14:1-3; João 14:23; João 6:37; Mateus 11:28; Salmo 37:4
  • Aqueles que se vangloriam de perfeição convém ler o sexto capítulo de Mateus
  • A Bíblia não menciona qual era a fruta da árvore do conhecimento do bem e do mal, que não devia ser comida por Adão e Eva. Uma tradição européia associa essa fruta com a maçã. Em latim, a palavra malum significa tanto "maçã" como "mal", o que pode ter originado essa tradição.